21 fevereiro 2012

Quaresma, tempo de conversão

“Este é tempo favorável, este é o dia da salvação” (2Cor 6,2)
            Os dias que vão da Quaresma a Pentecostes são os mais fortes, pois pertencem ao núcleo do Ano Litúrgico. Constituem o Ciclo da Páscoa, que encerra duas das três grandes solenidades: Páscoa e Pentecostes.
 O QUE É O ANO LITÚRGICO?
O Ano Litúrgico é a celebração da vida de Jesus Cristo ao longo de um ano. A cada ano, os cristãos revivem as etapas mais importantes da vida de nosso Senhor: seu nascimento, a morte, ressurreição, ascensão e o envio do Espírito Santo... No ano civil somos orientados pelas estações (primavera, verão...) e pelas festas cívicas (carnaval, Tiradentes, Independência...); no Ano Litúrgico, nossa caminhada de fé é marcada pelos momentos fortes da vida do Senhor.
            A expressão “Ano Litúrgico” começou a ser usada no século XIX, quando surgiu o movimento litúrgico. Esse movimento para a renovação da liturgia foi coroado no século passado, no Concílio Ecumênico Vaticano II. Seu primeiro grande fruto foi a Sacrosanctum Concilium, sobre a sagrada liturgia. Antes de se chamar “Ano Litúrgico”, recebera outros nomes, por exemplo, “Ano da Igreja” e “Ano cristão”.

QUANDO COMEÇA E QUANDO TERMINA O ANO LITÚRGICO?
            O Ano Litúrgico não segue o calendário civil. Começa antes e, portanto, termina antes. Sendo celebração da vida de nosso Senhor ao longo de um ano, é lógico começar pela preparação ao seu nascimento. Por isso, o primeiro domingo do Advento marca o início do Ano litúrgico. E, consequentemente, a última semana do Tempo Comum é também a última semana do Ano Litúrgico. Dentro do Ano Litúrgico celebramos a Quaresma.

O QUE É A QUARESMA?
           A palavra Quaresma vem do latim quadragésima. São os dias que vão da quarta-feira de Cinzas até a quinta-feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor. O número 40 é simbólico e recorda muitas cenas da Bíblia: os 40 anos de caminhada do povo hebreu no deserto, ao 40 dias que Moisés passou na montanha, os 40 dias da caminhada de Elias para chegar à montanha do Senhor, os 40 dias de Jesus jejuando no deserto...
            A Quaresma não tem sentido isolada da Páscoa. Na caminhada quaresmal não vamos ao encontro do nada ou da morte, mas caminhamos para a Ressurreição do Senhor e nossa.

QUANDO SE COMEÇOU A CELEBRAR A QUARESMA?
             As origens da quaresma são antigas e estão ligadas a outros acontecimentos, como a preparação dos catecúmenos (aqueles que vão ser batizados) e a prática das penitências, muito em voga nos primeiros séculos. Já no século IV se fala de quarentena penitencial, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses na sagrada liturgia.

A QUARTA-FEIRA DE CINZAS É DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA?
            Sim. Igualmente a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo. Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou 18 anos) até os sessenta anos começados.
            No Brasil, toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.

QUAL O SIGNIFICADO DAS CINZAS?
            A cinza é símbolo da fragilidade e pequenez humanas. Exemplo: Gn 18,12: “Abraão continuou: ‘Eu me atrevo a falar ao meu Senhor, embora eu seja pó e cinza’”. É um dos mais antigos sinais de penitência. Antigo Testamento está repleto de passagens que o confirmam. Por exemplo, Jó diz a Deus: “Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, os meus olhos te veem. Por isso, eu me retrato e me arrependo, sobe o pó e a cinza” (42,5-6).
            Uma das fórmulas ditas pelo presidente da celebração ao impor as cinzas é esta: “Lembra-te que és pó, e ao pó hás d voltar”. Isso para recordar a condição frágil do homem narrada em Gn 3,19). A outra fórmula para a imposição das cinzas é apelo à conversão e é tirada de Marcos 1,15: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
            O rito da imposição das cinzas dentro da missa substitui o ato penitencial, e realiza-se depois da homilia.

QUANTOS DOMINGOS TEM A QUARESMA?
            São 5 domingos, mais o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, início da Semana Santa.

QUAL A COR LITÚRGICA DA QUARESMA?
            A cor litúrgica da Quaresma é o roxo, convite à conversão, à penitência e à fraternidade. O clima da Quaresma deve transparecer também na ausência do Aleluia, do Glória e na sobriedade da ornamentação e dos instrumentos musicais para acompanha o canto.

POR QUE NÃO SE CANTA O ALELUIA NESSE TEMPO?
             Aleluia significa “louvai Javé” e é aclamação marcada pela alegria e pela festa. O clima da Quaresma não combina com isso. O Aleluia será uma explosão de alegria na Vigília Pascal. Também o Glória é omitido na Quaresma, pelos mesmos motivos.
 “Rasguem o coração, e não as vestes! Voltem para o Senhor, o Deus de vocês, pois ele é piedade e compaixão, lento para a ira e cheio de amor” (Jl 2,13).
 UMA SANTA QUARESMA PARA TODOS!